terça-feira, 24 de julho de 2007
segunda-feira, 23 de julho de 2007
ENCANTAMENTO
há uma palavra mágica que se diz. essa palavra
é sempre diferente. montanha, precipício, brilho.
essa palavra pode ser um olhar. a voz. um olhar.
essa palavra pode ser o espaço de silêncio onde
não se disse uma palavra. brilho, ...........,montanha.
essa palavra pode ser uma palavra, qualquer palavra.
há uma palavra mágica que se diz. há um momento.
depois dessa palavra, só depois dessa palavra,
pode começar o amor.
José Luís Peixoto
A Casa, a Escuridão
Por todos os olhares que tu não vês
Por todos os resquícios que tu não sabes
Por todas as palavras (palavra) que te quero dizer]
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Love trains
O que é que uma pessoa neurótica pensa quando anda de transportes públicos? Cenário: comboio urbano. Trajecto: Braga - Porto. Porto - Braga. Vinha no outro dia, no das 20h40. Atrás do meu banco uma senhora com uma capacidade maxilar impressionante. Ela devia mascar.. nem sei.. Deixa ver se encontro uma marca temporal que pareça impressionante. 100 mascadelas por minuto. Não seriam tantas com certeza pois intercalava o musical com perguntas e respostas à sua companheira de banco. Jogos de futebol infantil e mascadelas desenfreadas. Masca masca masca. Conversa de treta. Masca masca masca. Sonoras. Sim, e esse era de facto o cerne da minha atenção. Por momentos o cerne do meu mundo. Cada molécula do meu corpo foi ocupada por aquele tchkkk incessante e histérico que ecoava em todo o meu ser. A obsessão originada por este movimento sincronizado e ritmado começou a atingir limites alarmantes. Laivos de cólera, profunda impaciência. Uma vontade esmagadora de me virar para a dita senhora e perguntar se seria possível acabar com aquele tormento. Estava a ficar com stress emocional e acho que começava a tremer. Resolvi então mudar de lugar.
terça-feira, 17 de julho de 2007
segunda-feira, 16 de julho de 2007
À tardinha
Visita indesejada
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Naquela sala só cabem segredos. Surrurros fechados no lodo da fenda do tronco oco da parede de pedra.
Lembras-te do cheiro a canela e do casaco de lã cinzenta botões de madeira?
Conheci um rapaz que não chorava. Nunca. Sentimos pena das pessoas pelos motivos mais absurdos.
Lembras-te de todas as vezes que o mundo acabou? Dos destroços, dos pedaços?
Lembras-te de ter medo? De não conseguir respirar?
Lembras-te do sabor das cerejas quando está muito frio?
Da pele morna e castanha? Do sabor dos pêssegos doces?
As minhas mãos estão em carne viva. Mas a curva do pescoço está intacta.
Como quando éramos crianças.
segunda-feira, 2 de julho de 2007
" Trago-te o mar, as nuvens que só as crianças sonham a vermelho. Trago-te a terra que se transformou em húmus e a seiva morna das árvores, a dor que a vida faz latejar no pulso dos homens sozinhos... e o tempo, essa doença dos vivos, eternizou-nos. Noite após noite, falo-te, amo-te sem que o saibas. Posso tocar-te sem sentires sequer a minha presença. Posso estar, sem estar. Trago a cinza das horas nos cabelos e os dias da paixão onde não há dias nenhuns. Trago-te as palavras, e este cigarro que fumaremos a dois... e do mar recolhi esta coroa de rubras escamas e o silêncio dos náufragos... uma concha, um punhado de sal e a moeda de ouro que te enterro na boca antes de prosseguires viagem."
(porque sim. pelo céu vermelho. não por ti.)