quarta-feira, 4 de julho de 2007

Lembras-te daquele dia? De planar asas vermelhas no céu púrpura? Do corpo gelado na terra molhada arrepios sol azul e respirar saliva quente?
Naquela sala só cabem segredos. Surrurros fechados no lodo da fenda do tronco oco da parede de pedra.
Lembras-te do cheiro a canela e do casaco de lã cinzenta botões de madeira?
Conheci um rapaz que não chorava. Nunca. Sentimos pena das pessoas pelos motivos mais absurdos.
Lembras-te de todas as vezes que o mundo acabou? Dos destroços, dos pedaços?
Lembras-te de ter medo? De não conseguir respirar?
Lembras-te do sabor das cerejas quando está muito frio?
Da pele morna e castanha? Do sabor dos pêssegos doces?
As minhas mãos estão em carne viva. Mas a curva do pescoço está intacta.
Como quando éramos crianças.

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